A chegada do bebé a casa, principalmente do primeiro, é sempre um misto de sentimentos entre a felicidade, o medo e a ansiedade. Já não estão no hospital (em princípio foi onde decorreu o parto) onde podem sempre contar com a ajuda de enfermeiros, médicos e auxiliares, mas estão no vosso espaço, aquele com que se identificam, onde se sentem seguros e relaxados.
E agora? Como vai ser tudo? Que tudo muda, certamente que já vos teriam dito, ou já se teriam apercebido, mas é agora, a partir deste momento, do momento em que passaram a porta da vossa casa, que cai a ficha, não é?
Será que o/a bebé vai dormir bem? Será que vamos saber o que fazer se tiver cólicas? Será que vamos saber o que quer dizer o choro? Será que vamos acordar a meio da noite ou vamos continuar com o sono pesado? Será que vamos saber dar banho? Será que vamos saber mudar a fralda como deve ser? Será que vamos cuidar bem do cordão umbilical? E as unhas? Será que vamos conseguir cortar aquelas unhas pequeninas daqueles “mini-dedos” sem fazer asneira? E se…? E será que?…
Tantas perguntas, tantas dúvidas, tantos “se’s” …. tenham calma! Já sabem, com calma tudo se faz e mesmo para quem não fez nenhum Curso de preparação para o parto, certamente que no momento, saberá com mais ou menos dificuldade o que significa aquele choro ou aquela expressão deste novo e maravilhoso ser que chegou ao vosso lar. O instinto enquanto pais – o de mãe então é uma coisa inexplicável – vai dar-vos muitas pistas, só têm que saber identificar. E lembrem-se, o choro do bebé a única forma que ele/ela tem de comunicar!
Há muita coisa a ter em conta e muito tenho para vos falar sobre o Recém-Nascido, no entanto achei importante focar-me numa das grandes preocupações de muitos pais e de que tanto se fala: O Sono!
- Qual a posição mais indicada?
- Que colchão?
- Que quantidade de roupa?
No entanto, posso já dizer-vos que não venho falar de “Truques milagrosos” para os fazer dormir noites inteiras – era bom era! Aliás, tinha sido ótimo, na altura em que os meus filhos chegaram a casa! (ahahah) Venho aqui deixar-vos algumas notas/conselhos sobre a forma mais segura de como devem dormir os bebés:
- Quarto arejado e com luz natural;
- Temperatura do quarto por volta dos 21° (graus);
- Deitar o bebé de barriga para cima (posição mais adequada);
- Não usar almofadas (pelo menos no 1º ano de vida);
- Cama com colchão firme/rijo e adaptado para bebés;
- Evitar o uso de “edredons”;
- Usar lençóis e cobertores;
- Não dormir com gorro;
- Não dormir com babete ou fita porta chupetas;
- Não deve ficar espaço entre os pés do bebé e o fundo do berço/cama;
- Evitar brinquedos e peluches soltos na cama;
- Pijama tipo macacão (evitar arrefecimento de ficar destapado);
- Roupa da cama até ao tórax;
- Proteções laterais da cama bem fixas com amarras para fora da cama.
Todos nós gostávamos muito de ter um bebé com um bom sono, ou melhor que durma muito, ou talvez que durma bem durante a noite… De facto, eles dormem muito, sobretudo nos primeiros tempos, cerca de 16 a 20 horas, mas por curtos períodos e ainda mais curtos no período da noite… Ah! E dentro do útero não existia para o bebé o dia e a noite… quando chega cá fora demora muito tempo para alguns afinarem o sono, sobretudo o noturno, e durante o primeiro ano pode mesmo ser uma tarefa muito difícil para os pais, aguentar e esperar pelo amadurecimento do sistema nervoso do bebé até este atingir o nível que permita dormir a noite toda, cada bebé terá o seu ritmo.
Sendo o sono considerado uma função vital para o ser humano, deve ser levado muito, muito a sério e por isso, como diz o provérbio “é de pequenino que se torce o pepino”, ou seja, temos de aprender desde muito cedo a educar o sono e a aprender a dormir de forma recuperadora, mas para não variar, também aqui são mais do que muitas as teorias e dicas sobre o sono, – situação típica de obstetrícia e pediatria-, várias opiniões, vários estudos, vários peritos, várias contradições e tudo junto dá confusão na cabeça dos pais. Então temos várias coisas, por exemplo:
- Criar padrões de comportamento (horário para deitar) desde muito cedo;
- Não adormecer ao colo;
- Adormecer ao colo;
- Deitar os bebés ainda acordados;
- Ficar a falar com eles até adormecerem;
- Não falar com eles, mas ficar ao lado dando-lhes a mão;
- Oferecer um amiguinho “boneco ou brinquedo” para se sentir mais seguro;
- Não colocar brinquedos perto da criança;
- Deixar chorar na cama até adormecer;
- Não deixar criança chorar;
- Deixar sozinhas na cama;
- Deixar sozinhas de forma gradual;
- Nunca deixar adormecer sozinha;
- Adormecer na cama dos pais;
- Não dormir com os pais, nem adormecer com os pais;
- De dia, luz para adormecer;
- Durante a noite, sem luz para adormecer;
- Dar o banho antes de adormecer;
- Dar maminha até adormecer e deitar assim;
- Dar maminha e deitar ainda acordado;
- Dar maminha mal chore;
- Não oferecer maminha logo, esperar um pouco;
- Enrolá-lo numa “envolta”;
- Utilizar “white noise”;
- Usar um som forte e contínuo “tipo aspirador ou exaustor de cozinha, etc”;
Que tal, confuso, não é? Pois é, a verdade é que o bebé vai dormir uns dias bem, outros menos bem tal como nós. Alguns aprendem a dormir muito depressa e outros demoram muito tempo; uns fazem da noite o dia e outros do dia a noite, com estas técnicas/dicas ou com outras, cada bebé, cada pai e cada mãe irão seguramente aprender e, devagarinho, conseguirão atingir a noite bem dormida.
Durante o primeiro ano de vida do bebé o sono vai depender do amadurecimento do sistema nervoso central e, progressivamente, cada um ao seu ritmo vai melhorando. Mais uma vez o segredo é saber esperar.
E já que ainda estamos no tema do sono, de certeza que neste momento estarão a questionar sobre a posição de dormir de barriga para cima, “e se ele vomita ou se engasga”, bem já lá vamos! A verdade é que esta é a posição mais correta para deitar o bebé, sendo considerada como uma das formas preventivas para a síndrome de morte súbita (SMS), situação verdadeiramente assustadora, rara no 1º mês, mas com um aumento da probabilidade entre o 2º e o 4º mês, sendo que a partir desta altura diminui bastante.
Este fenómeno não existe apenas no estrangeiro ou “aos outros”. Infelizmente poderá bater-nos à porta. Em Portugal também existe, no entanto, a sua extensão não é bem conhecida, sabe-se que houve um aumento do número de casos de 1971 a 1990, e um decréscimo a partir de 1992, talvez associado a vários fatores, tais como a melhor e maior vigilância da gravidez, a melhoria nos cuidados de saúde, uma melhor e mais alargada resposta por parte dos centros de saúde.
Não se conhecem totalmente as causas, mas sabe-se que existem alguns fatores de risco e como tal é muito importante adotar medidas preventivas, sendo que uma das mais importantes é, sem dúvida, a posição para dormir – de barriga para cima – embora os pais possam ficar preocupados questionando-se e se o bebé bolsar, não se vai engasgar? A resposta é que os bebés estão equipados com medidas protetoras para essas situações, virando a face automaticamente para o lado.
Como fatores de risco conhecidos, temos:
- Dormir de barriga para baixo;
- Meses mais frios – sobreaquecimento;
- Gravidez não vigiada;
- Bebé prematuro;
- Crianças com muito baixo peso à nascença;
- Idade materna muito jovem – adolescência;
- Uso de almofada;
- Tabagismo materno durante a gravidez;
- Consumo de álcool e drogas durante a gravidez;
- Presença de fumadores em casa após o nascimento;
- Recurso a colchões macios/moles.
Importa salientar que a combinação de vários fatores de risco é que aumenta muito a probabilidade de síndrome de morte súbita e não apenas um isolado.
Vai correr tudo bem.
Posto isto só me resta desejar-vos boas noites!